(...) E, quando começámos a trocar olhares no meio da pista, algo
aconteceu cá dentro... Sentia um certo medo quando nos olhávamos directamente.
Foi algo que não sei explicar...
Não houve segundas
intenções, apenas divertimento! Cada um a viver a sua noite e os nossos corpos
apenas se cruzavam por breves milésimos de segundo, e nem se tocavam.
Trocávamos de olhares e, no segundo a seguir, sorriamos inocentemente, quase
que como se pensássemos "ai, ela reparou que eu estava a olhar!" mas
continuávamos... Não foi um 'engate' da noite nem coisa que o pareça. Era mesmo
diversão, não havia maldade... E quando te sentaste, olhei para trás algumas
vezes para ver se também estavas a olhar... E estavas. E depois a tua amiga
veio chamar-te e eu percebi que ias desaparecer no meio da multidão... Não tenho a certeza, mas conseguia jurar que ouvi chamar "Catarina"... Nâo tenho a certeza se é esse o teu nome, mas também, nem tu sabes o meu. Nem sequer trocámos números de
telemovel... Só trocámos breves "Olá" na pista, e chegou... Se te voltar a encontrar,
acredita que te vou falar e não te vou deixar escapar... Por encontrares duas
vezes seguidas uma desconhecida no mesmo sitio, numa noite semelhante, pode
significar algo, e estou cansado de negar "coincidencias". (...)